Você não está sozinho. Uma pesquisa recente realizada pela Associação Americana de Odontologia apontou que 3 entre 10 adultos compartilham esse problema. Estudos também comprovam que quanto maior o medo, pior a saúde bucal do indivíduo.
Quais os graus de medo?
Existem vários graus de medo. Algumas pessoas não conseguem sequer entrar no consultório, não permitindo o atendimento, outras têm medos específicos, como medo de anestesia, de sentir dor; e outras não gostam do barulho do “motorzinho”. O paciente com medo de dentista costuma evitar ao máximo o atendimento, pois o temor o impede de vir regularmente às consultas, o que acaba piorando o estado geral dos dentes e da gengiva, gerando inclusive um constrangimento sobre o estado em que se encontra sua boca.
Muitos pacientes relatam também uma ansiedade antecipatória, ficando muito nervosos nos dias que antecedem à consulta, inclusive perdendo o sono.
De onde vem o medo?
O medo é uma reação natural do ser humano. Se não fossem nossos temores quanto à proteção e segurança, nossos ancestrais não teriam sobrevivido e passado seus genes às futuras gerações.
A principal responsável pelo medo é uma pequena estrutura que se localiza profundamente em nosso cérebro: a amígdala cerebral (não é aquela da garganta…), juntamente com os outros componentes de uma área chamada sistema límbico, a área das nossas emoções. Ela é o botão de pânico do cérebro. Sempre que a amígdala acreditar que estamos em perigo, vai acionar centros cerebrais que iniciarão a reação de medo. O corpo vai se encher de um neurotransmissor chamado noradrenalina, que vai provocar os sintomas típicos do medo: suor, taquicardia, boca seca, palidez, aumento da pressão arterial, podendo levar a pessoa a passar mal durante o atendimento e inclusive desamaiar.
Mas eu tenho medo ou fobia?
Bom, se você sente que seu medo é exagerado, persistente, excessivo ou irracional sempre que você precisa ir ao dentista, ou apenas de pensar que precisa ir, gerando aquele desconforto por antecipação, você tem uma fobia.
A fobia específica, como o medo de dentista, atinge aproximadamente 11% da população, e só surge quando você precisa ir ao consultório ou quando pensa sobre essa situação. Mas se sabemos que o dentista é legal, que não quer machucar você, por que é tão difícil se controlar durante a consulta?
A resposta se encontra novamente naquele lugarzinho do cérebro chamado sistema límbico. Ele é uma área muito antiga, onde simplesmente reagimos às situações, sem termos controle cognitivo, sem pensar. O homem das cavernas quando se via de frente com uma ameaça – um predador – não podia pensar, senão ia acabar virando o jantar. Tinha que agir o mais rápido possível, na famosa reação de luta ou fuga.
É claro que milhões de anos se passaram, mas nossas reações continuam sendo físicas, senão poderíamos olhar no espelho e simplesmente dizer para nós mesmos: “não sinta medo” e o problema seria resolvido, não é? É por isso que mesmo o dentista sendo legal, os equipamentos sendo modernos, mesmo você tendo consciência de que precisa muito fazer esse tratamento, o medo ainda persiste.
Medo e fobia têm tratamento?
Felizmente temos casos muito bem sucedidos de pessoas com muito medo que encontram um dentista com o qual se identificam e com o tempo o medo diminui. Também existem mais recursos hoje, como sedação com oxigênio e óxido nitroso, o famoso “cheirinho”, máquinas que aplicam a anestesia de um jeito praticamente indolor, muitos dentistas que usam analgesia em cirurgias.
Porém, se seu medo é muito acentuado, é uma boa ideia procurar ajuda para tratar ele. Existem psicólogos que tratam fobias, com técnicas variadas, como hipnose, EFT, Técnicas Cognitivas Comportamentais. Procure se informar se o profissional trata fobias, porque nem todos os psicólogos tratam.
Seu medo tem tratamento. Procure, se informe, encontre um dentista legal, um psicólogo legal, e se liberte desse medo que restringe tanto o seu desejo de ter um sorriso bonito e saudável.